A fila anda no Flamengo, quando o assunto é revelar jogadores. E, a cada promessa da vez, o torcedor tem renovada a esperança de um futuro de glórias. Muralha e Thomás também se permitem sonhar. Com as boas atuações na reta final do Brasileiro, ambos vislumbram o título nacional, que coroaria o ano que começou com a conquista da Copa São Paulo de futebol júnior. Aos poucos, a garotada toda quer subir para provar que craque o Flamengo faz em casa.
“Tem muitos bons jogadores para subir. O Rafinha, que já treinou em cima, o Lorran e o Frauches também, o César... chance não vai faltar e a galera vai aparecendo”, disse Muralha, de 18 anos, sob o olhar orgulhoso dos pais, Seu Jorge e Dona Lucimar.
Muralha é a prova de que "craque o Flamengo faz em casa" | Foto: Marcelo Regua / Agência O Dia
Da campanha de ouro da Copinha para o elenco profissional, Muralha coleciona medalhas. Além da conquistada em janeiro em São Paulo, ele acumulou as da Taça Guanabara, da Taça Rio, do Estadual e da Copa do Mediterrâneo sub-18, com a seleção brasileira. Todas conquistas invictas. Agora, o volante quer aumentar a galeria e abrir espaço para uma geração inteira.
“Eu estava conversando com o Thomás e com o Diego Maurício, imaginando que, se ganharmos o título brasileiro, será muito importante para nós. Estou pensando lá na frente”, afirmou Muralha.
“A gente sonha em ganhar o título. Posso estar jogando ou não. Estou à disposição”, ressaltou Thomás.
As duas assistências de Muralha para Thiago Neves e as arrancadas de Thomás na goleada de 5 a 1 sobre o Cruzeiro, domingo, mostram que a garotada não tem sentido o peso do Manto Sagrado.
“Quando vou entrar, o Vanderlei me deixa à vontade, solto, sem responsabilidade”, revelou Muralha, que encontra eco nas palavras de Thomás.
“Estou jogando à vontade, todos me passam bastante confiança. Estou à vontade no Flamengo e na posição em que venho jogando, sempre cumprindo as ordens do Vanderlei”, declarou o atacante, que segue à espera do primeiro gol nos profissionais. “Vai sair daqui a pouco, com naturalidade”.
Reencontro no Rubro-Negro
A parceria entre Thomás e Muralha vem de longa data, mas os caminhos da bola quase separaram de vez os garotos, que, em 2004, brilhavam no time de futsal do Geração 2000. O atacante foi para o Botafogo antes de chegar ao Flamengo, enquanto o volante era formado nas categorias de base do Vasco. Agora, ambos buscam espaço nos profissionais do Rubro-Negro.
O time campeão da Copa São Paulo de Juniores e os potenciais craques | Foto: Arte O Dia
“Isso é legal pra caramba. Ele foi para o Botafogo, eu jogava no Vasco... nunca imaginei que fôssemos nos encontrar no Flamengo. Nós ficamos muito juntos. Temos os nossos assuntos, e os mais antigos, os deles”, disse Muralha.
Thomás retribui o carinho do amigo e afirma que o sucesso de um é a alegria do outro. “Torço por ele, e ele por mim. Nós nos gostamos de verdade, somos amigos”, destacou.
Medalhas e muito orgulho
As medalhas penduradas no pescoço de Muralha, que posava para foto, fazem os olhos de Seu Jorge e Dona Lucimar brilharem. Pais corujas que ainda exercem o papel de educadores para que o filho não se desvirtue no caminho do sucesso.
A gente conversa muito com ele em casa. O Thiago Neves disse que ele sempre ouve os jogadores mais antigos. Saber ouvir é muito bom”, afirmou Seu Jorge, que não escondeu o sorriso ao ver as assistências do filho na TV. “Fico feliz, mas a expectativa aumenta com a cobrança para corresponder. No Flamengo, é pressão. Na mesma proporção que vem o elogio vem a crítica”.
Dona Lucimar, porém, deixa de lado as preocupações e festeja: “Fico radiante. Choro, dou risada, pulo (risos)...”